“Quando criamos algo, mergulhamos num espaço infinito de
possibilidades e inquietações que nos remete a um espaço de
transição indefinido entre o real e o imaginário”
Com dez exposições no currículo, Ilca Barcellos
(Pelotas,RS) graduou-se em biologia na Universidade
Federal de Santa Catarina, onde construiu sua carreira
de professora e lecionou no curso até 2005. Foi a partir da aposentadoria que Ilca despertou sua atenção para o mundo das artes e desde então vem realizando exposições pelo Brasil e pelo mundo. Em uma entrevista exclusiva, a artista discorre sobre seu trabalho, arte, a influência da biologia em suas obras e indica onde visitar exposições de artes em Florianópolis.
de professora e lecionou no curso até 2005. Foi a partir da aposentadoria que Ilca despertou sua atenção para o mundo das artes e desde então vem realizando exposições pelo Brasil e pelo mundo. Em uma entrevista exclusiva, a artista discorre sobre seu trabalho, arte, a influência da biologia em suas obras e indica onde visitar exposições de artes em Florianópolis.
1) Você é bióloga de formação e le-
cionou na UFSC até 2005. De onde
veio a inspiração para começar a
fazer arte?
Sou bióloga, com mestrado em botânica e lecionei até 2005, quando me aposentei pela UFSC. Entretanto, no período pós aposentadoria decidi ingressar
na arte. Penso que sempre tive um potencial para as artes, pois sempre gostei de desenhar e de fazer objetos tridimensionais, mas sempre utilizava desta habilidade como instrumento didático, para as aulas de Biologia.
2) De que forma a biologia influen- ciou e influencia nos seus trabalhos artísticos?
Penso que foram tantos anos ob- servando e estudando sobre a vida e os processos biológicos, que fica difícil a gente apagar esta memó- ria, e por isso ela se manifesta no meu processo artístico. Lembro que nas primeiras exposições me apropriava de forma lúdica de conceitos da biologia, como por exemplo, a transgenia e a nomen- clatura científica, para nomear os
Sou bióloga, com mestrado em botânica e lecionei até 2005, quando me aposentei pela UFSC. Entretanto, no período pós aposentadoria decidi ingressar
na arte. Penso que sempre tive um potencial para as artes, pois sempre gostei de desenhar e de fazer objetos tridimensionais, mas sempre utilizava desta habilidade como instrumento didático, para as aulas de Biologia.
2) De que forma a biologia influen- ciou e influencia nos seus trabalhos artísticos?
Penso que foram tantos anos ob- servando e estudando sobre a vida e os processos biológicos, que fica difícil a gente apagar esta memó- ria, e por isso ela se manifesta no meu processo artístico. Lembro que nas primeiras exposições me apropriava de forma lúdica de conceitos da biologia, como por exemplo, a transgenia e a nomen- clatura científica, para nomear os
bichos – plantas. Entretanto, estou
me libertando destas amarras da
Biologia e mergulhando muito
mais na arte.
3) Sua última exposição foi “Mise en Abyme” na Fundação Cultural Badesc em Florianópolis. Você pode nos falar um pouco dela, qual foi a inspiração, o material utiliza- do e o motivo do nome em francês? Acredito que a ideia para a criação da instalação nomeada Mise en Abyme veio da vontade de fazer grandes trabalhos, que não seriam viáveis para o processo cerâmi-
co devido ao peso , a técnica e a queima. Além disso, posso tam- bém acrescentar as provocações ou cutucadas do meu orientador
e artista visual Fernando Lindote, quando comentava que nāo me via apenas com uma ceramista. Na realidade, deve ser a soma de vá- rias coisas, que culminaram para que eu avançasse no meu processo artístico buscando a interação entre materiais híbridos, no caso do tecido com fibra de poliéster e a cerâmica. O título da expo Mise en Abyme (posto no abismo) vem
3) Sua última exposição foi “Mise en Abyme” na Fundação Cultural Badesc em Florianópolis. Você pode nos falar um pouco dela, qual foi a inspiração, o material utiliza- do e o motivo do nome em francês? Acredito que a ideia para a criação da instalação nomeada Mise en Abyme veio da vontade de fazer grandes trabalhos, que não seriam viáveis para o processo cerâmi-
co devido ao peso , a técnica e a queima. Além disso, posso tam- bém acrescentar as provocações ou cutucadas do meu orientador
e artista visual Fernando Lindote, quando comentava que nāo me via apenas com uma ceramista. Na realidade, deve ser a soma de vá- rias coisas, que culminaram para que eu avançasse no meu processo artístico buscando a interação entre materiais híbridos, no caso do tecido com fibra de poliéster e a cerâmica. O título da expo Mise en Abyme (posto no abismo) vem
Ilca Barcellos
da literatura e foi utilizado pela
primeira vez por André Gide no
sentido de expressar uma nar-
rativa dentro de outra narrativa.
No meu caso, me aproprio deste
termo para explicar esta instalação
híbrida que traz objetos/esculturas
dentro de outros objetos/escultu-
ras. Nesta exposição, faço esta re-
lação simbiótica entre os materiais
utilizados e suas formas. Temos o
fofo /amorfo do tecido que passa a
ser tensionado pelo rígido/ defini-
tivo das garras em cerâmica, que
se anastomosam estabelecendo
inúmeros arranjos com as formas
de tecido. No entanto, apesar das
diferenças entre os materiais existe
uma identidade, que se desvela
pela cor, pelas formas e pela orga-
nicidade. Tanto na fatura dos ob-
jetos em tecido costurados a mão
como na montagem da instalação
temos o jogo, o acaso que se ma-
nifesta, pelas inúmeras possibili-
dades de contato e de tensão entre
os objetos e pela reconfiguração e
rearranjo da instalação em função
do espaço expositivo.
4) O que é arte para você?
Criar é algo vital que me dá senti- do à vida. Quando criamos algo, mergulhamos num espaço infinito de possibilidades e inquietações que nos remete a um espaço de transição indefinido entre o real e o imaginário.
4) O que é arte para você?
Criar é algo vital que me dá senti- do à vida. Quando criamos algo, mergulhamos num espaço infinito de possibilidades e inquietações que nos remete a um espaço de transição indefinido entre o real e o imaginário.
5) Quais lugares em Florianópolis
você indica para quem quer visitar
uma exposição de arte?
Infelizmente, Florianópolis nāo
tem muitos espaços culturais
frente a demanda de artistas.
Como locais privilegiados para
expor podemos citar: MASC,
BADESC, MVM, MHSC, MIS,
Galeria Pedro Paulo Vecchietti,
Galeria Helena Fretta, Coletivo
artístico Na Casa, Galeria Ponto
da Arte, entre outros.
Ilca na abertura da exposição Mise en Abyme, na Fundação Cultural Badesc, em abril de 2014
Ilca na abertura da exposição Mise en Abyme, na Fundação Cultural Badesc, em abril de 2014
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