Textos críticos

26 septembre 2008, 1:28


Par: Gilles Roberge


En réaction à l'article: Ilca Barcellos • Si Dieu avait été lunatique


Le chaînon manquant


Les croisements énigmatiques d’Ilca Barcellos sont certainement le fruit de sa passion pour la gente animale. L’évolution et la très grande diversité des espèces ont donné à notre planète un héritage impressionnant de toutes sortes de formes de vie. Poursuivant une volonté d’exprimer à travers ses sculptures d’argile un langage unique, Ilca Barcellos joue avec les espèces, les réorganise librement et défie la génétique classique. Cette ambition de transformer le concret est peut être une libération de toute une vie à transmettre la connaissance sans aucune remise en question de ce qui a été établie. Elle libère dans ses improvisations sculpturales un plaisir mesurable et nous propose des cadavres exquis à saveur zoologique. Il n’en tient qu’à notre bon vouloir afin de transformer le concret en ce que nous voulons. Bien sûr une dose d’obsession positive est nécessaire afin de réaliser ce que notre conscient et notre inconscient cogitent au fil de notre évolution. Ainsi cette artiste se donne le privilège de réinventer le monde à sa façon et poursuit ainsi une quête personnelle rendant hommage à l’imagination dans un contexte ludique.



Ilca Barcellos Si Dieu avait été lunatique


ARTICLE - 11 septembre 2008 Dominic Tardif






Avec La Génétique hédoniste, Barcellos suppute en quelque sorte ce qui serait advenu si, au moment de la Création, Dieu avait consommé des opiacées ou avait été distrait.

Les petites bêtes d'argile d'Ilca Barcellos envahissent la Maison des arts et de la culture de Brompton. Quand une biologiste devient artiste...


Hédonisme: doctrine morale qui fait du plaisir le principe ou le but de la vie. Après avoir observé sous tous les angles les sculptures de céramique émaillée d'Ilca Barcellos regroupées sous le titre La Génétique hédoniste, il demeure difficile de trancher du plaisir de qui il est question. Il s'agit peut-être du plaisir des bêtes (elle les nomme elle-même ainsi) qu'elle crée de se reproduire et de s'approprier l'espace. "Ces embryons s'amusent. Ils jouent sur la peau de l'être matriciel et vont envahir l'espace de la salle. Ils se promènent. Ils s'amusent", explique l'artiste.

Tentaculaires ou polymorphes, les pièces de Barcellos représentent pour la plupart des espèces vivantes identifiables. Seul accroc au réalisme, ces espèces sont métissées: un serpent porte une tête de chat, un dinosaure et un hippocampe s'amalgament, etc. Comme c'est le cas avec le centaure mythologique, ces nouveaux animaux font sourire, tout en portant une certaine charge d'angoisse. Les explorations de la sculptrice, bien que plus naïves, ont également à voir avec les créations hallucinées de Dali ou avec les fresques de Bosch, minus la maestria, plus modestement.



Le plaisir qu'annonce le titre est peut-être aussi celui d'Ilca Barcellos elle-même. Biologiste de formation, la Brésilienne se donne corps et âme à la sculpture depuis sa retraite il y a deux ans. Après avoir enseigné toute sa vie le fonctionnement et la reproduction des êtres vivants "tels que Dieu les a conçus", l'artiste s'arroge la position de démiurge et modèle le vivant au gré de ses désirs. "Mon plaisir est celui de jouer avec la génétique, avec le lyrique et le fantastique et de créer des bêtes originales."



Avec La Génétique hédoniste, sa première exposition à l'étranger, Barcellos suppute en quelque sorte ce qui serait advenu si, au moment de la Création, Dieu avait consommé des opiacées ou avait été distrait. Et comme pour souligner son pouvoir, mais aussi pour ajouter au jeu, Barcellos s'approprie la nomenclature scientifique pour nommer ses oeuvres (un arbre phagocytant un papillon est intitulé Pappillyonida arboreum par exemple). Comme quoi la biologiste ne peut s'effacer bien longtemps derrière l'artiste.



À voir si vous aimez /


Les expérimentations art-science, le surréalisme doux




Novembro 2010
Marina Martins Amaral


A Arte fantástica e surreal de Ilca Barcellos

Ana Maria de Andrade Neri
Acadêmica Artes Visuais/UDESC


A (sua) Obra clama por vida. Não se detém ante a força que a prende ao solo, se retorce, se movimenta, se eleva e faz brotar do barro num gesto de linhas nervosas, raízes e troncos retorcidos de árvores em forma de mãos que se projetam no espaço buscando a luz solar num pedido de socorro. É novamente a arte a favor da vida, como nas obras do artista polonês e naturalizado brasileiro, Franz Krajcberg que utilizava vestígios calcinados de arvores amazônicas para protestar e alertar o mundo sobre a devastação das matas brasileiras e de sua biodiversidade pela força da ambição e crueldade de alguns poderosos. Seu grito incontido continua presente na obra vigorosa de Ilca Barcellos. Na escultura “O grito de Krajcberg”, Ilca nos surpreende quando utilizando outro suporte, a argila, ela fala a mesma linguagem. A artista avança declaradamente para o surreal distorcendo os troncos e raízes e transformando-os em mãos, utiliza as possibilidades plásticas de maleabilidade da argila como expressão, explorando formas, dando movimentos, organizando volumes que se equilibram e se mostram paradoxalmente delicados e vigorosos, levando o observador a contemplar sua obra por todos os ângulos, gerando diversas interpretações que remetem a questões vitais ou ao despertar de uma nova percepção, um novo estado de sensibilidade no que diz respeito à consciência planetária.

É evidente nos trabalhos de Ilca um pouco de sua autobiografia: bióloga, acostumou suas retinas com as formas microscópicas dos seres. Unindo ciência à arte, desvela e revela um mundo imaginário que vai do embrionário ao marinho passando também pelo vegetal, habitado por seres fantásticos, biomórficos que emergem da terra ou do mar em formas protuberantes, espinhudas, texturizadas, delicadas, trabalhadas no ato criativo com extremo esmero e dedicação, e que sugerem um constante movimento e evolução. Trazem em si a vida. A vida em sua gênese, em seus ciclos, partindo de épocas remotas e projetando-se ao futuro, nos fazendo refletir e focar os inícios pré- históricos, buscando as raízes , a essência de todos os seres vivos, numa grande e pulsante sinfonia vital, onde todos se elevam do chão-terra em direção ao sol-força geradora da vida.

Seres complexos que se contraem, se retorcem e se estiram. O movimento é característica marcante em seus trabalhos que parecem buscar algo, como as plantas que buscam a luz do sol para sobreviver.

“A temática que perpassa no conjunto de meu trabalho é a pulsação da vida, do mundo biológico. Busco, portanto, a inspiração em estruturas vitais ligadas ao germinar da vida, ao brotar. São estruturas aparentemente frágeis e tênues, mas que condensam em si a capacidade do devir, do tornar-se algo, do modificar-se”.

__ Nestas palavras, Ilca descreve o seu trabalho e a própria função da artista num constante movimento, numa inquietude que a leva a uma busca infinita de expressar-se, de vir- a- ser. Este movimento que é a pulsação, que marca o ritmo e os ciclos da vida, que se repete e se transforma, é o que está presente em suas obras e o que a leva a experimentar e a plasmar na argila seres imaginários ou não, surreais, fantásticos, frutos de uma feliz fusão contemporânea de ciência e arte.

Uma relação também se pode fazer da Obra de Ilca com a da escultora Maria Martins, que avançou do figurativo ao surrealismo–expressionista e abstrato para trazer à luz seres biomórficos, híbridos, elementos principais nas suas obras da série “Amazônia”. Suas esculturas, como as de Ilca, tratam de temas atemporais, envolvem questões autobiográficas e refletem sobre a existência humana. Maria Martins representa estes signos formalmente através do hibridismo entre o humano e o vegetal, entre a razão e o instinto, entre o consciente e o inconsciente. E Ilca os representa com bases científicas, busca a gênese e a multiplicação de novos seres, imaginários, mutantes. Suas mãos habilidosas exploram as possibilidades. Com plena liberdade de ousar e criar, dá a eles formas, texturas e movimentos. Brotam do chão e pulsam, nos permitindo uma aproximação. Dotados de vida, criam um novo diálogo entre o real e o imaginário, entre o secular e o contemporâneo.

***Resenha solicitada pelo Prof. Canabarro -  Cerâmica Crítica e Contemporânea /novembro 2010.


Zenfolio   © Pat's Pictures                            juin /2010

Ilca Barcellos – Artiste brésilienne, entièrement dédiée à l'art depuis 2006, suite à sa retraite de l’université UFSC, institution où elle était professeur de biologie. Son travail a été exposé dans des salons et biennales d’art au Brésil et dans l monde – Espagne, Portugal, Argentine, République Dominicaine et Vietnam. Elle a également realisée des expositions individuelles et collectives à Florianópolis/Brésil, à Sherbrooke/Canada et Rome/Italie. Son travail evoque la vie au travers de la création d'êtres hybrides qui font un lien entre le réel et l'imaginaire.


Ilca Barcellos- artista brasileira, se dedica exclusicamente à arte depois de sua aposentadoria em 2006, na UFSC, instituição na qual era professora de Biologia. Desde então, participa de exposições en Salões e Bienais nacionais e internacionais -Espanha, Portugal, Argentina, Rep. Dominicana e Vietnan. Ilca neste breve espaço de tempo já realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior - Sherbrooke/Canada e Roma/Italia. Seu trabalho evoca a vida e a fertilidade, que se manifesta com a criação de seres híbridos que transitam entre o real e o imaginário.



 
Fonte: Joinville Segunda-feira, 16 de julho de 2007 Santa Catarina - Brasil

Anexo - A Notícia
Fabiano Melato
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Artes plásticas

                    Seres em mutação


Exposição “Ludo Transgenia” exibe animais fantásticos


Florianópolis


Uma pequena legião de seres híbridos, formada por 25 habitantes, compõem a fauna criada em argila por Ilca Barcellos na exposição “Ludo Trangenia”, que será aberta hoje no Espaço Oficina do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis. Primeira exibição pública do trabalho da artista, a mostra exibe animais em mutação. O gato, o sapo, o polvo, a cobra, o lagarto, entre outros bichos, estão em estado de trangenia, que consiste na transferência de genes entre espécies diferentes.

Os personagens criados por Ilca são seres geneticamente modificados e ganham nomes inspirados na nomenclatura científica, cujo binômio informa o gênero e a espécie da criatura. A sugestão para que Ilca denominasse suas criações a partir da norma científica foi da artista plástica Betânia Silveira, com quem Ilca estuda cerâmica há um ano nas oficinas do CIC.

A exposição “Ludo Trangenia” é a estréia da artista. Aos 52 anos e aposentada, Ilca foi professora de biologia no Colégio de Aplicação da UFSC. Usava a argila para dar forma material de seres microscópicos e ensinar seus alunos a descobrir os pequenos seres que não podiam ver a olho nu. Durante a trajetória como professora, acalentava o sonho de um dia se dedicar à arte. E assim o fez, há um ano.

Transformou parte de seu escritório no apartamento onde mora em um ateliê. Passa às vezes todo dia envolvida com as suas criaturas, que vão, pouco a pouco, habitando o espaço da casa. Suas criaturas rompem com as regras naturais. Uma delas, é uma mãe embrião. Antes mesmo de chegar à vida adulta, um dos embriões reproduz seres que vertem de seu corpo. Mas além dos seres “vivos”, Ilca também experimenta a criação de fósseis.

Durante o final de semana, nas vésperas da abertura de sua exposição, a artista estreante ainda não sabia se iria comercializar as peças. Diz que está muito ligada afetivamente com as suas esculturas, mas não descarta a possibilidade de comecializar sua arte.

Ilca nasceu na cidade de Pelotas (RS). Tem três filhas e está prestes de ser avó.



O QUÊ: Abertura da exposição LUDO TRANSGENIA, de Ilca Barcellos. ONDE: Espaço Oficina do Centro Integrado de Cultura (CIC). Avenida Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis, fone: (48) 3953-2300 begin_of_the_skype_highlighting (48) 3953-2300 end_of_the_skype_highlighting. QUANDO: Hoje, às 19 horas. Visitação até 1º de agosto, diariamente, das 13 às 21h. QUANTO: Entrada gratuita.


 A Notícia 3 de julho de 2008.
N° 92A                        Humano demasiado fantástico

Duas mostras baseadas nas relações abrem hoje na Capital Silhuetas, sombras e seres fantásticos invadirão o Museu Histórico de Santa Catarina a partir de hoje. Às 19 horas, Ilca Barcellos e Dirce Körbes abrem suas exposições no local e apresentam ao público criaturas diferenciadas, que beiram o abstrato. Apesar de serem duas mostras separadas - uma com pinturas e outra composta por esculturas em cerâmicas - as duas tratam, ainda que indiretamente, das relações humanas com o mundo, a realidade e as outras pessoas.



Na mostra "Translúcido", da artista plástica Dirce Körbes, é possível notar um ar de leveza, transparência e opacidade. Ao todo, estão expostas 16 telas que, pela técnica e pela combinação de diferentes materiais, permitem a visão de vultos e silhuetas ao visitante. No entanto, não é possível distinguir exatamente as imagens que surgem em meio às cores suaves, rabiscos, pinceladas soltas e muitas texturas. Assim como já diz o nome da mostra, tudo é translúcido. Fica apenas a sugestão de que as formas são transeuntes. Mas uma interpretação mais aprofundada cabe a cada pessoa que passar pelo museu.



Já em "Ecos da Pele", Ilca Barcellos reproduz, cria e multiplica novos seres utilizando apenas suas mãos e a matéria-prima: a argila. Em suas esculturas, além de tratar do processo de criação artístico, ela revive a antiga profissão. Ela foi professora de biologia durante 27 anos, e torna-se difícil se desvencilhar da imagem de corpos, do contato humano e de certas imperfeições.



Dessa maneira, também não é difícil imaginar seres fantásticos brotando da pele de outras criaturas. Qualquer cicatriz, prega ou circunvolução do corpo pode dar origem a algo novo, da mesma maneira como as mãos da artista fazem emergir formas e texturas de um pedaço de barro. Temas como a maternidade, fertilidade e expansão da vida estão ali, e a pele surge como um mundo de oportunidades. Um local para nascer, viver e se relacionar. As duas exposições ficarão abertas até o dia 3 de agosto e a visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas e, aos sábados e domingos, das 10 às 16 horas. A entrada é gratuita.

FLORIANÓPOLIS  Mais

O QUÊ: abertura das exposições "Ecos da Pele", de Ilca Barcellos, e "Translúcidos", de Dirce Körbes.

QUANDO: hoje, às 19 horas. A visitação pode ser feita até 3 de agosto, de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas, e aos sábados e domingos, das 10 às 16 horas.

ONDE: Museu Histórico de Santa Catarina, praça 15 de Novembro, 227, Centro, Florianópolis.

QUANTO: gratuito.